domingo, 9 de agosto de 2015

O QUE É A ARTE? (06)

             continuação.....

             Na prática, ninguém consegue expor uma verdade se não for por meio da crítica das diferentes soluções do problema a que ela se refere; e não há humilde tratado de uma ciência filosófica, não há manualzinho escolar nem dissertação acadêmica que não coloquem em seu início ou não contenham em seu corpo a resenha das opiniões historicamente dadas ou idealmente possíveis de que pretendem ser o oponente ou a correção. Coisa que, embora seja frequentemente realizada com arbitrariedades e desordem, exprime precisamente a exigência legítima, ao tratar de problema, de percorrer todas as soluções que foram tentadas na história ou se podem tentar na ideia (ou seja, no momento presente, mas assim mesmo sempre na história), de modo que a solução nova inclua em si mesma o esforço anterior do espírito humano.
               Mas essa é uma exigência lógica, e, como tal, intrínseca para todo pensamento autêntico e inseparável dele; e não se deve confundi-la com uma forma literária de exposição, para não cair no pedantismo pela qual se notabilizaram na Idade Média os escolásticos e no século 19 os dialéticos da escola hegeliana, e que é aliás bastante parecida com a superstição formalística, a qual confia na virtude maravilhosa de um certo tipo extrínseco e mecânico de exposição filosófica. Em suma, é preciso entende-la em sentido substancial e não acidental, atentando para o espírito e não para a letra, mover-se na exposição do próprio pensamento com liberdade, conforme os tempos, os lugares e as pessoas.
                 continua na próxima postagem......

Extraído de Caderno de Sábado de Jornal da Tarde
Data: - 24-5-97
O Jornal da Tarde pertencia ao " O ESTADO DE SÃO PAULO"

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