Defensor da arte como intuição, Croce ganhou a reverência de Gramsci
Quando o filósofo italiano Benedetto Croce (1866-1952) erguia os olhos de sua escrivaninha no Palazzo Filomarino, dava de cara com a fonte de inspiração de toda sua obra teórica: Nápoles. A cidade que enchia de orgulho, e que imortalizou em Storia del Regno di Napoli, foi também o berço do filósofo Gianbattista Vico, que ajudou a redescobrir com olhos atentos. Conhecia cada rua, monumento ou beco da região e os mostrava aos amigos em longos passeios turísticos.
Nos sebos da Via Tribunali ou na Via San Biagio ai Librai, Croce encontrava os livros que engordariam a biblioteca do palácio e se tornariam motivo de polêmica. Gostava de contestar concepções acerca de nomes consagrados da cultura, como Dante. Preferia os episódios líricos e dramáticos da Divina Comédia ao esquema "teológico-filosófico" que se acreditava ser a estrutura poética da obra.
Hegiano, Croce era um antimarxista ferrenho. Apesar de um namoro curto, na juventude, com o materialismo histórico, combateu-o até a morte. Em 1928, em pleno fascismo, publicou a História da Itália de 1871 a 1915 uma corajosa apologia do liberalismo e do sistema parlamentar. O intelectual defendeu durante 50 anos suas posições e marcou época por sua independência intelectual. Croce sempre viveu de seus latifúndios e era riquíssimo. Nunca deu aulas e se orgulhava disso, apesar dos inúmeros discípulos.
O crítico literário Otto Maria Carpeaux afirmava que toda a inteligência italiana até os anos 60 se separava em crocianos e anticrocianos. "E estes últimos quase todos ex-crocianos", escrevia Carpeaux em 1952. Por isso, a maioria dos crocianos ferrenhos de Croce o admirava.
continua na próxima postagem.....
Texto extraído do Caderno de Sábado - JORNAL DA TARDE -
Data: Sábado - 24-5-97.
O Jornal da Tarde pertencia ao "O ESTADO DE SÃO PAULO"
Hegiano, Croce era um antimarxista ferrenho. Apesar de um namoro curto, na juventude, com o materialismo histórico, combateu-o até a morte. Em 1928, em pleno fascismo, publicou a História da Itália de 1871 a 1915 uma corajosa apologia do liberalismo e do sistema parlamentar. O intelectual defendeu durante 50 anos suas posições e marcou época por sua independência intelectual. Croce sempre viveu de seus latifúndios e era riquíssimo. Nunca deu aulas e se orgulhava disso, apesar dos inúmeros discípulos.
O crítico literário Otto Maria Carpeaux afirmava que toda a inteligência italiana até os anos 60 se separava em crocianos e anticrocianos. "E estes últimos quase todos ex-crocianos", escrevia Carpeaux em 1952. Por isso, a maioria dos crocianos ferrenhos de Croce o admirava.
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Texto extraído do Caderno de Sábado - JORNAL DA TARDE -
Data: Sábado - 24-5-97.
O Jornal da Tarde pertencia ao "O ESTADO DE SÃO PAULO"
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