COMO VIEIRA ENFRENTOU A INQUISIÇÃO
Livro reúne transcrição de 30 exames e audiências a que o padre jesuíta foi submetido
Em Lições de eloquência nacional, o padre Lopes Gama (1791-1852) conta que Felipe Hortis, religioso mercenário de Madri, somente lia os sermões de Vieira de joelhos e, para justificar essa idolatria, dizia que "naquela reverente atitude mostrava os elogios que não sabiam explicar as vozes". Palavras no mesmo sentido também foram pronunciadas por numerosos críticos, unânimes em apontar o Padre Vieira como um representante perfeito do espírito barroco.
Ao publicar Os autos do processo de Vieira na Inquisição, a professora Adma Muhana realiza o amplo e árduo trabalho de reunir a transcrição dos 30 exames e audiências a que o padre português (1608-1697) foi submetido entre 1663 e 1667, além da documentação histórica proveniente da inquisição contida nas duas pastas do processo do clérico, hoje depositadas no Arquivo Nacional da Torre do Tombo em Lisboa.
O material revela como Vieira enfrentou a intolerância do Santo Ofício. Os documentos históricos incluem atestados, consultas, mandatos, certidões, ordens e instruções reunidos para validar juridicamente o processo. Dessa forma, é possível perceber, por exemplo, que declarações do padre datadas de 1663, entre outros documentos só são anexadas ao processo após a prisão de Vieira em 1665, quando a inquisição busca todo tipo de prova contra o lisboeta.
Nascido em 1608, Antônio Vieira veio com a família para o Brasil aos seis anos e entrou para a Companhia de Jesus em 1623. Orador eloquente e culto, logo ganha destaque na comitiva brasileira que fora levar a adesão da colônia ano novo rei luso D. João IV. Tornou-se pregador-régio e ministro sem pasta, envolvendo-se em missões diplomáticas e travando contato com os protestantes holandeses e mantendo relação amistosa com os judeus.
continua na próxima postagem.....
Texto extraído de: Caderno de Sábado - JORNAL DA TARDE -
Sábado - 6-1-1996
Jornal da Tarde - pertencia ao jornal " O Estado de São Paulo "
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