domingo, 17 de maio de 2015

PADRE ANTÔNIO VIEIRA (02)

             continuação da postagem anterior....
                                  
                                  Como Vieira enfrentou a inquisição
Livro reúne transcrição de 30 exames e audiências a que o padre jesuíta foi submetido
                                                            Por Oscar D'Ambrósio

       O problema é que Vieira toma defesa dos judeus, obtendo para eles a isenção do confisco dos bens pelo Santo Ofício, além de propor que Portugal ceda Pernambuco aos holandeses em troca da paz. Tais atitudes trazem compreensível impopularidade e o ódio da Inquisição. Ao correr o risco de ser expulso da Companhia de Jesus, aceita retornar ao Brasil como superior de uma missão localizada no Maranhão.
        As palavras de Vieira continuam a lhe trazer antipatias. Ao defender os indígenas da exportação dos colonos, condena a ganância e a desumanidade dos escravocratas. O episódio resultou na expulsão dos jesuítas do Maranhão em 1661. O pior é que o retorno a Portugal ocorre num momento inadequado, pois, com a morte de D. João IV, Vieira perdera seu protetor, caindo nas malhas da Inquisição e dialogando com ela entre 1663 e 1668.
          As acusações contra o padre têm como base o raciocínio exposto em Esperanças de Portugal, quinto império do mundo, primeira e segunda vidas de El-Rei D. João IV. Nessa carta, enviada do Maranhão a Dom André Fernandes, bispo do Japão, Vieira interpretava as trovas do sapateiro Bandarra, "profeta" falecido em 1545 que predizia para Portugal a conquista de Marrocos e o Quinto Império. Neste, o poder temporal caberia ao rei português e o espiritual, ao Papa.
           Segundo Vieira, como D. João IV morrera antes de realizar as profecias de Bandarra, o rei ressuscitaria para ser o imperador de um novo império "em que todas as nações do Mundo hão de crer em Cristo Senhor nosso e abraçar a nossa Santa Fé Católica". O processo é demorado e o clérico passa parte dele preso, tendo cassado seu direito de pregar . A anistia somente ocorre após a deposição de D. Afonso VI.
            Vieira parte então para Roma para limpar seu nome junto à  Santa Sé, encantando os italianos por seu talento como orador e pregador, fascinando até mesmo a exilada rainha Cristina da Suécia, protetor de Descartes. Moveu ainda uma campanha de desmascaramento do Santo Ofício e, no final da vida, foi nomeado Visitador da Companhia de Jesus e se entregou ao trabalho de catequese de índios no Brasil.
                                                       continua na próxima postagem........

Texto extraído de Caderno de Sábado - JORNAL DA TARDE -
Data: Sábado - 6-1-1996
Jornal da Tarde pertencia ao jornal "O ESTADO DE SÃO PAULO"
 
 
                                                                               

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