Tudo isso contribui para a polissemia do texto. A denotação pura pode ser contínua, enquanto que a conotação é sempre errática e descontínua.
Neste texto, certos trechos confirmam essa condição, como:
- Hipotenusa e Quociente, ao se falarem, descobriram que eram primos-entre-si, mas foi necessário que o autor interviesse para explicar que os primos entre si é o que, em aritmética, corresponde a almas irmãs (essa definição foi importante para enviar o texto novamente para o plano conotativo). Deve-se destacar que a expressão "primos entre si" também pode ser utilizada na linguagem corrente;
- Quociente e Hipotenusa resolvem se casar e constituir uma lar; novamente, faz-se necessária a intervenção do autor para deslocar o texto para o plano conotativo, então ele diz: mais que um lar, vão constituir uma perpendicular;
- Máximo Divisor Comum frequenta Círculos Concêntricos, e o autor acrescenta, providencialmente: viciosos.
"Poesia Matemática" é portanto a poética do exato para o abstrato. É a flutuação do supostamente concreto para os confins da imaginação do leitor, que se espanta e se exalta diante de tamanha revolução. Afinal, como diria o próprio Barthes, "as palavras cumpriram seu papel. As palavras nunca são loucas - no máximo perversas"... (In Fragmentos de um discurso amoroso).
p. 106 a 110
Referências Bibliográficas
1. FERNANDES, Millôr. Trinta Anos de Mim Mesmo. Rio de Janeiro: Nórdica, 1972.
2. BARTHES, Roland. Elementos de Semiologia. 2. ed. São Paulo: Cultrix, 1977. p. 93-99
Texto extraído do BOLETIM DO CENTRO DE ESTUDO PORTUGUESES
Vol. 13 n. 15 jan./jun. 1993. ISS 0101 - 7934
FALE/UFMG
Belo Horizonte
- Quociente e Hipotenusa resolvem se casar e constituir uma lar; novamente, faz-se necessária a intervenção do autor para deslocar o texto para o plano conotativo, então ele diz: mais que um lar, vão constituir uma perpendicular;
- Máximo Divisor Comum frequenta Círculos Concêntricos, e o autor acrescenta, providencialmente: viciosos.
"Poesia Matemática" é portanto a poética do exato para o abstrato. É a flutuação do supostamente concreto para os confins da imaginação do leitor, que se espanta e se exalta diante de tamanha revolução. Afinal, como diria o próprio Barthes, "as palavras cumpriram seu papel. As palavras nunca são loucas - no máximo perversas"... (In Fragmentos de um discurso amoroso).
p. 106 a 110
Referências Bibliográficas
1. FERNANDES, Millôr. Trinta Anos de Mim Mesmo. Rio de Janeiro: Nórdica, 1972.
2. BARTHES, Roland. Elementos de Semiologia. 2. ed. São Paulo: Cultrix, 1977. p. 93-99
Texto extraído do BOLETIM DO CENTRO DE ESTUDO PORTUGUESES
Vol. 13 n. 15 jan./jun. 1993. ISS 0101 - 7934
FALE/UFMG
Belo Horizonte
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