A leitura normalmente precede a escrita. E o impulso para escrever é quase sempre detonado pela leitura. A leitura, o amor de leitura é o que faz a gente sonhar em ser escritor. E, muito tempo depois de tornar-se escritor, ler livros escritos por outros - e reler os livros queridos do passado - constitui uma distração irresistível. Distração. Tormento. E, com certeza, inspiração.
Sem dúvida, nem todos os escritores admitem isso. Lembro-me de ter dito certa vez alguma coisa a V.S. Naipaul a respeito de um romance inglês do século 19, que eu adorava. Era um romance muito conhecido e eu supunha que ele também o admirava tanto quanto eu e todos os que se preocupavam com a literatura. Mas ele confessou que não havia lido esse livro. E, ao ver uma sombra de tristeza em meu rosto, ele acrescentou com seriedade: "Susan, eu sou um escritor, não um leitor."
Muitos escritores que já não são mais jovens, afirmam, por vários motivos, que lêem muito pouco. Na verdade, alguns chegam ao ponto de julgar que ler e escrever são coisas incompatíveis. Talvez seja verdade, no caso de alguns escritores. Não cabe a mim julgar. Se o motivo é a ansiedade, o medo de serem influenciados, então isso me parece uma preocupação vã e vazia. Se o motivo é falta de tempo - existem tantas horas durante o dia e as que são gastas com a leitura evidentemente são subtraídas daquelas em que uma pessoa poderia escrever - então isso é um ascetismo ao qual eu não aspiro.
Perder-se na leitura de um livro - essa antiga frase não é uma fantasia, mas uma realidade modelar, que vicia. Virginia Woolf ficou famosa ao dizer numa carta:
"Às vezes, penso que o céu dever ser uma leitura contínua e inesgotável." Certamente, a parte celestial é que - no dizer de Woolf uma vez mais - " o estado de leitura consiste na mais completa eliminação do ego".
continua na próxima postagem....
Muitos escritores que já não são mais jovens, afirmam, por vários motivos, que lêem muito pouco. Na verdade, alguns chegam ao ponto de julgar que ler e escrever são coisas incompatíveis. Talvez seja verdade, no caso de alguns escritores. Não cabe a mim julgar. Se o motivo é a ansiedade, o medo de serem influenciados, então isso me parece uma preocupação vã e vazia. Se o motivo é falta de tempo - existem tantas horas durante o dia e as que são gastas com a leitura evidentemente são subtraídas daquelas em que uma pessoa poderia escrever - então isso é um ascetismo ao qual eu não aspiro.
Perder-se na leitura de um livro - essa antiga frase não é uma fantasia, mas uma realidade modelar, que vicia. Virginia Woolf ficou famosa ao dizer numa carta:
"Às vezes, penso que o céu dever ser uma leitura contínua e inesgotável." Certamente, a parte celestial é que - no dizer de Woolf uma vez mais - " o estado de leitura consiste na mais completa eliminação do ego".
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