Quando, durante a primeira viagem de experiência, que contou com o comparecimento de dignitários, a locomotiva descontrolou-se e matou duas pessoas, no Diário de São Paulo apareceram estas estâncias contundentes:
Vamos ter novo pagode
Muito breve, no jardim,
Os vapores vão partir
Gratis vae, quem quiser ir,
Não recebem só a mim.
O passeio é de patente!...
Não se cae na ponte, - não:
O carrinho vae direito
E somente perde o jeito
Na Serra do Cubatão.
Quem cahir não se consuma
Que não há de sofrer dor
Cae o carro de repente,
E de dentro toda a gente
Fica em baixo do vapor.
O bichinho vae correndo
Que parece um busca-pé;
Vae a Santos n'um momento
Fumegando o seu charuto
Com ares de chaminé.
O vagão corre ligeiro:
Quem tem medo de morrer?
Cahem todos lá na serra,
O vapor é só quem berra,
Morre a gente sem gemer!
Cá por mim não temo nada
Não me pilha a ratoeira;
O tal bicho é acrobata
Lá dos trilhos sempre salta!
Que bonita brincadeira!...
Quem tem medo de morrer
N'uma estrada tão "segura"?
O passeio é deleitável
Há na serra agua potável
P'ra benzer a sepultura.
Seguro morreu de velho:
Quem avisa amigo é:
Quem quiser dar bons passeios
Tem carrinhos - sem receios
Bem baratos lá na Sé.
Qual!... o que! Quem medo tem
Indo o carro a descoberto?...
Se na serra elle tombar
E a gente um pulo dar
Não se morre sendo experto.
pags. 142/143
Extraído do livro: comissão do
IV centenário
da cidade de são Paulo
De RICHARD M.MORSE
DE COMUNIDADE
A METRÓPOLE
Biografia de São Paulo
são Paulo 1 9 5 4
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