Dirce Côrtes Riedel
Canaã é um livro de iluminismo e iluminuras, um emaranhado de palavras candentes. Para Graça Aranha, "escrever é cantar com a pena". Para Milkau, - o protagonista - quem lhe dera que o sol não apagasse, para ele que começou a amar a natureza através da arte¹ e que amava fazer amar, dissolver-se no espaço universal. " O mal está na força, é necessário, renunciar a toda a autoridade, a todo governo, a toda posse, a toda violência.
Canaã aponta a tese central da estética da vida - a cruzada em prol de uma vitória pela cultura. O brasileiro terá que vencer o terror cósmico, sem deixar, no entanto, de incorporar as forças primitivas. ("O catolicismo apenas se desenrola como um sucessor natural do paganismo, astuto, elegante e pomposo.") Alencar é o patrono de uma língua e uma estética nacionais.² Na conferência da Semana da Arte Moderna, em 1922 ("Formação estética da arte moderna"), Graça Aranha faz a defesa do "objetivismo dinâmico" - superação do lírico individual, para atingir a poesia do cosmos unitário, monismo que identifica consciência e o universo - núcleo da "corrente dinamista", integrada também por Ronald de Carvalho e Renato de Almeida.
Nesta campanha por uma estética nacional assimilada na consciência universal, são enfatizadas as afirmações do escrivão do Porto do Cachoeiro: "- Estamos sendo cercados pela cobiça dos alemães. O próprio Imperador paga do seu bolsinho missionários e professores no Rio Grande em Santa Catarina." E também são realçadas as proposições do juiz municipal: - Os senhores falam em independência, mas eu não a vejo. O Brasil é e tem sido sempre colônia. O nosso regime não é livre: somos um povo protegido."
continua na próxima postagem (01)
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