IRACEMA
CAPÍTULO 1
Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba.
Verdes mares, que brilhais como líquida esmeralda aos raios do sol nascente, perlongando as alvas praias ensombradas de coqueiros.
Serenai, verdes mares, e alisai docemente a vaga impetuosa, para que o barco aventureiro manso resvale à flor das àguas.
Onde vai a afoita jangada, que deixa rápida a costa cearense, aberta ao fresco terral a grande vela?
Onde vai como branca alcíone buscando o rochedo pátrio nas solidões do oceano?
Três entes respiram sobre o frágil lenho que vai singrando veloce, mar em fora.
Um jovem guerreiro cuja tez branca não cora o sangue americano; uma criança e um rafeiro que viram a luz no berço das florestas, e brincam irmãos, filhos ambos da mesma terra selvagem.
A lufada intermitente traz da praia um eco vibrante, que ressoa entre o marulho das vagas:
-Iracema!
O moço guerreiro, encostado ao mastro, leva os olhos presos na sombra fugitiva da terra; a espaços o olhar empanado por tênue lágrima cai sobre o jirau, onde folgam as duas inocentes criaturas, companheiras de seu infortúnio.
Nesse momento o lábio arranca d'alma um agro sorriso.
Que deixara ele na terra do exílio?
Uma história que me contaram nas lindas várzeas onde nasci, à calada da noite, quando a lua passeava no céu argenteando os campos, e a brisa rugitava nos palmares.
Refresca o vento.
O rulo das vagas precipita. O barco salta sobre as ondas e desaparece no horizonte. Abre-se a imensidade dos mares, e a borrasca enverga, como o condor, as foscas asas sobre o abismo.
Deus te leve a salvo brioso e altivo barco, por entre as vagas revoltas, e te poje nalguma enseada amiga. Soprem para ti as brandas auras; e para ti jaspeie a bonança mares de leite.
Enquanto vogas assim à discrição do vento, airoso barco, volva às brancas areias a saudade, que te acompanha, mas não se parte da terra onde revoa.
Capítulo I do livro Iracema....
José de Alencar
Do livro: Iracema
José de Alencar
Dados biográficos: José Martiano de Alencar nasce em Mecejana, no Ceará, no dia 1º de março. Falece no Rio de Janeiro, no dia 12 de dezembro de 1877.
Romance:
Linha indianista: Iracema; Ubirajara.
Teatro:
Verso e reverso; O demônio familiar; As asas de um anjo; Mãe.
Dados retirados de: José de Alencar
Romance: Iracema
Apresentação, notas e suplemento de leitura
Douglas Tufano
Revisão:
José Dias Goulart
Editoração:
PAULUS
Impressão e acabamento:
PAULUS - 2005
PAULUS
OBSERVAÇÃO: Quando adolescente( entre 12 -14 anos) adorava ler José de Alencar.
Lia e relia várias vezes "Iracema". Achava lindo, principalmente o capítulo I, é um poema em prosa; gostava e ainda gosto da sonoridade, do ritmo que há: .... "serenai, verdes mares, e alisai docemente a vaga impetuosa, para que o barco aventureiro manso resvale à flor das águas."......
Que deixara ele na terra do exílio?
Uma história que me contaram nas lindas várzeas onde nasci, à calada da noite, quando a lua passeava no céu argenteando os campos, e a brisa rugitava nos palmares.
Refresca o vento.
O rulo das vagas precipita. O barco salta sobre as ondas e desaparece no horizonte. Abre-se a imensidade dos mares, e a borrasca enverga, como o condor, as foscas asas sobre o abismo.
Deus te leve a salvo brioso e altivo barco, por entre as vagas revoltas, e te poje nalguma enseada amiga. Soprem para ti as brandas auras; e para ti jaspeie a bonança mares de leite.
Enquanto vogas assim à discrição do vento, airoso barco, volva às brancas areias a saudade, que te acompanha, mas não se parte da terra onde revoa.
Capítulo I do livro Iracema....
José de Alencar
Do livro: Iracema
José de Alencar
Dados biográficos: José Martiano de Alencar nasce em Mecejana, no Ceará, no dia 1º de março. Falece no Rio de Janeiro, no dia 12 de dezembro de 1877.
Romance:
Linha social ou urbana: Cinco minutos, A viuvinha; Lucíola; Diva; A pata da gazela, Sonhos d'ouro; Senhora; Encarnação.
Linha regionalista: O gaúcho; O tronco do ipê; Til; O sertanejo.
Linha histórica: o guarani; As minas de prata; A guerra dos mascates.Linha indianista: Iracema; Ubirajara.
Teatro:
Verso e reverso; O demônio familiar; As asas de um anjo; Mãe.
Dados retirados de: José de Alencar
Romance: Iracema
Apresentação, notas e suplemento de leitura
Douglas Tufano
Revisão:
José Dias Goulart
Editoração:
PAULUS
Impressão e acabamento:
PAULUS - 2005
PAULUS
OBSERVAÇÃO: Quando adolescente( entre 12 -14 anos) adorava ler José de Alencar.
Lia e relia várias vezes "Iracema". Achava lindo, principalmente o capítulo I, é um poema em prosa; gostava e ainda gosto da sonoridade, do ritmo que há: .... "serenai, verdes mares, e alisai docemente a vaga impetuosa, para que o barco aventureiro manso resvale à flor das águas."......
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