Vai-se a pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada...
E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...
Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;
No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...
Raimundo da Mota Azevedo Correia
Raimundo da Mota Azevedo Correia -(Maranhão, 13-V-1850 - Paris, 13-IX-1911) - Bacharel, ingressou na magistratura, que abandonou pela diplomacia. De volta à magistratura, exerceu a judicatura do Rio. Muito escrupuloso, possuía sensibilidade aguda. Sua arte poética tem algo de nobre e, no dizer de Manuel Bandeira, é "certamente o maior artista do verso que jamais tivemos". Obras: Primeiros Sonhos; Sinfonias; Versos e Versões; Aleluia; Poesias etc.
Poema extraído do livro:
Língua e Literatura Brasileira
Vol. 4
Editora F.T.D. S/A.
Nenhum comentário:
Postar um comentário