O GUARDADOR DE REBANHOS
XLIX
METO-ME para dentro, e fecho a janela.
Trazem o candeeiro e dão as boas noites,
E a minha voz contente dá as boas noites.
Oxalá a minha vida seja sempre isto:
O dia cheio de sol, ou suave de chuva,
Ou tempestuoso como se acabasse o Mundo,
A tarde suave e os ranchos que passam
Fitados com interesse da janela,
O último olhar amigo dado ao sossego das árvores,
E depois, fechada a janela, o candeeiro aceso,
Sem ler nada, nem pensar em nada, nem dormir,
Sentir a vida correr por mim como um rio por seu leito,
E lá fora um grande silêncio como um deus que dorme.
pag. 91
Obs.: O GUARDADOR DE REBANHOS é composto de 49 poemas.....
Foram postados 4 poemas....( I - II - XX - XLIX)
ALBERTO CAEIRO: heterônimo de Fernando Pessoa
O poema acima foi extraído de: Ficções do Interlúdio/1
Poemas completos de Alberto Caeiro
3ª Edição
Editora Nova Fronteira
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