As Trovas do sapateiro de Trancoso, talvez pela vaguidade que as torna impermeáveis ao senso comum, incutiam alento e consolo nas almas humilhadas pela opressão dos castelhanos.
Antonio Vieira traz o sebastianismo e o Quinto Império como temas fundamentais de sua concepção. A figura do orador sacro completa, pelo seu misticismo sebástico e depois messiânico-político ( quando identificou D. Sebastião com D. João VI, o restaurador), o profetismo bandarrista, defendendo-o e refundindo-o na sua oratória ( inclusive os epítietos de O Desejado e O Encoberto são, a um e outro, atribuições metafóricas ligadas a esses conteúdos):
O P. António Vieira partilhou, como tanto outros do seu tempo, do misticismo sebástico, no qual imprimiria depois de um excepcional realce, quando no zénite do talento. Num sermão de 1634, pregado na Baía à glória de D. Sebastião, discorreu o célebre orador jesuíta: "Foi D. Sebastião porque o encobriu a realidade da vida debaixo da opinião da morte.... Na opinião de todos era Sebastião morto, mas na realidade estava Sebastião vivo... Assim saiu Sebastião daquela batalha e assim foi achado depois dela: na opinião morto, mas na realidade vivo.
É interessante notar o poder projetivo-compensatório do mito sebastianista a funcionalizar-se em épocas tão diversas: na da dominação espanhola (1580 - 1640) e na insatisfação a-republicana e teosófica de Fernando Pessoa. Em propósitos tão díspares, ainda é a tônica do nacionalismo histórico e/ou espiritual que num e noutro prevalece. Os Avisos terminam com uma prece-síntese-invocatória da redenção. É um verdadeiro salmo bíblico o messianismo pessoano. Alías, em épocas passadas, muitos quiseram, inclusive, conferir nas Sagradas Escrituras, o motivo sagrado do sebastianismo:
Personagens da época, mesmo algumas das mais insignes na sociedade e na literatura, fincavam esperanças na volta do rei desaparecido. Conta D. Francisco Manuel de Melo: "muitos varões doutíssimos seguiram, não só a vulgar dúvida da sua morte [ D. Sebastião], mas passaram a esperar com a sua vinda a restituição do seu império... Para que fizessem mais decente a sua opinião, e foram cada vez mais aumentando com sentenças dos santos, oráculos profetas e juízos de astrólogos, de tal sorte que interpretadas, segundo alguns, as Sagradas Escrituras, nelas achavam preditas não só a transmigração, mas a recuperação do reino português.
continua na próxima postagem.....
É interessante notar o poder projetivo-compensatório do mito sebastianista a funcionalizar-se em épocas tão diversas: na da dominação espanhola (1580 - 1640) e na insatisfação a-republicana e teosófica de Fernando Pessoa. Em propósitos tão díspares, ainda é a tônica do nacionalismo histórico e/ou espiritual que num e noutro prevalece. Os Avisos terminam com uma prece-síntese-invocatória da redenção. É um verdadeiro salmo bíblico o messianismo pessoano. Alías, em épocas passadas, muitos quiseram, inclusive, conferir nas Sagradas Escrituras, o motivo sagrado do sebastianismo:
Personagens da época, mesmo algumas das mais insignes na sociedade e na literatura, fincavam esperanças na volta do rei desaparecido. Conta D. Francisco Manuel de Melo: "muitos varões doutíssimos seguiram, não só a vulgar dúvida da sua morte [ D. Sebastião], mas passaram a esperar com a sua vinda a restituição do seu império... Para que fizessem mais decente a sua opinião, e foram cada vez mais aumentando com sentenças dos santos, oráculos profetas e juízos de astrólogos, de tal sorte que interpretadas, segundo alguns, as Sagradas Escrituras, nelas achavam preditas não só a transmigração, mas a recuperação do reino português.
continua na próxima postagem.....
Nenhum comentário:
Postar um comentário