DOMINGO, 20 DE OUTUBRO DE 2002 - Nº 1.147 - ANO 22
O PERSONAGEM GARCÍA MÁRQUEZ
Aos 75 anos, o escritor colombiano lança 'Vivir para Contarla' seu livro de memórias, que já se tornou um best seller nos países de idioma castelhano
HAROLDO CERAVOLO SEREZA
No fantástico e conhecido mundo da literatura latino-americana do século 20, os ancestrais são, com frequência, invocados para dar voz ao narrador. Assim também foi com o Prêmio Nobel de Literatura de 1982, Gabriel García Márquez ( basta, para mostrá-lo, lembrar o título de dois de seus livros: A Incrível e Triste História da Cândida Erêndira e Sua Avó Desalmada e os Funerais da Mamãe Grande), assim também é com o seu primeiro livro de memórias, Vivir para Contarla (Viver para Contá-la) lançado no início do mês nos países de língua espanhola, onde se vendeu 1 milhão de exemplares. O livro, com 580 páginas, deve ser publicado no País pela Record no ano que vem.
García Márques, um estudante que decidira abandonar o curso universitário, está numa livraria, por coincidência, se chama Mundo, quando vê entrar a mãe que há um bom tempo já não via. "Sou sua mãe", apresenta-se ela, recém-chegada a Barranquilla, aos 45 anos, mãe de 11 filhos.
Do mundo, a mãe o convoca para uma missão: vender a casa da família em Aracataca, onde Gabo viveu com os avós, até os 8 anos. A viagem é um reencontro do colombiano não apenas com esse período, mas também com a tradição que funda boa parte do universo de seus romances - como Cem Anos de Solidão e Crônica de uma Morte Anunciada. Depois de voltar à sua aldeia, ele pôde ser universal. "Agora, com mais de 75 anos bem medidos, sei que foi a decisão mais importante de quantas tive de tomar em minha carreira de escritor. Ou seja em toda a minha vida."
Essa é a primeira das explicações que Vivir para Contarla dá para o nascimento do escritor Garcia Márquez.
continua na próxima postagem......
Texto extraído do "Caderno 2" - Cultura
Jornal " O ESTADO DE SÃO PAULO "
Data: Domingo, 20 de outubro de 2002, Nº 1.147 - ANO 22