sábado, 19 de dezembro de 2015
FELIZ NATAL!....... FELIZ ANO NOVO!.....
Uma breve pausa
Para comemorar
O NATAL
E O ANO NOVO!......
"FELIZ NATAL
E
UM ANO NOVO
MUITO FELIZ !......"
NESSE NATAL,
VAMOS DEIXAR
O MENINO
JESUS
"NASCER EM NOSSO CORAÇÃO"
FELIZ
NATAL FELIZ
NATAL
*
* *
*
FELIZ
ANO NOVO ANO NOVO
FELIZ
yosinoli
dezembro/2015
OBS: Voltarei a postar no dia: 09/01/2016.........
Feliz Natal!....
Feliz Ano Novo!....
Salve, Salve
2 0 1 6!...
..............
sexta-feira, 18 de dezembro de 2015
A HERANÇA GLOBAL - 34 (06)
continuação.......
_______________________
Em uma das fábulas, um
macaquinho adverte:
"Qualquer um que tenha
miolos cuida apenas de seus
próprios assuntos"
________________________
Conquistados só por seu valor,
seus feitos são bem conhecidos.
A soberania sobre as feras é dele.
A carne de animais com presas que andam
lentos e majestosos,
Goles de filetes de água nos sulcos é o que
ele prefere,
mas se seu prato favorito não surge em seu
caminho,
mesmo assim você nunca pegará um leão
que esteja comendo feno.
_______________________
Em uma das fábulas, um
macaquinho adverte:
"Qualquer um que tenha
miolos cuida apenas de seus
próprios assuntos"
________________________
Conquistados só por seu valor,
seus feitos são bem conhecidos.
A soberania sobre as feras é dele.
A carne de animais com presas que andam
lentos e majestosos,
Goles de filetes de água nos sulcos é o que
ele prefere,
mas se seu prato favorito não surge em seu
caminho,
mesmo assim você nunca pegará um leão
que esteja comendo feno.
E em seguida surgem os chacais que, ao fim, perturbarão a amizade entre o leão Fulvo e o touro Vivaz:
Havia dois chacais no cortejo de Fulvo, um chamado Prudente e outro chamado Manhoso, filhos de ministros. Estavam sem emprego e isso é que os levou a se consultarem um ao outro ansiosamente. Foi Manhoso que primeiro mencionou o assunto, dizendo: "Prudente, meu bom amigo, você também acaba de ter visto nosso senhor, Fulvo, vindo por esse caminho para beber água? Por que ele está parado ali, parecendo tão melancólico?"
E Prudente respondeu: "Sim, eu vi, mas que é que tem? Não é da nossa conta, é? Ou você nunca ouviu o ditado:
Aquele que enfia o seu nariz onde não é da sua conta.
certamente encontra o seu fim,
pois isto o que aconteceu com o macaco que mexeu com a cunha, meu amigo."
E assim aqui se interrompe a primeira história-moldura. A partir daí Prudente conta a história do macaco e da cunha, a primeira fábula do livro:
Numa certa cidade, um mercador tinha mandado construir um templo num arvoredo na periferia. Todo dia o mestre-de-obras e outros artesãos partiam para a cidade ao meio-dia para o almoço. Um dia, um bando de macacos desceu sobre o templo ainda em construção. Um enorme tronco de pau-rosa, cortado por um dos carpinteiros, estava de um lado, com uma cunha de acácia inserida no alto, na fenda. Os macacos começaram a brincar nas copas das árvores, nos imponentes tetos e torres, e na pilha de madeira. Um deles, que estava destinado à derrota, subiu por pura curiosidade, em cima do tronco de pau-rosa e ali ficou divagando: "Ora, quem teve a ideia de enfiar uma cunha num lugar tão estranho?" Pegando a cunha com as duas mãos, ele começou a puxar, fazendo força, tentando soltá-la. Conseguiu; de repente a cunha escapou; as metades cortadas do pau-rosa se fecharam. Agora, você pode saber, sem que eu precise contar, o que aconteceu com os genitais do macaco presos na fenda embaixo do lugar em que a cunha tinha sido colocada.
- "Então eu lhe digo", notou Prudente, "qualquer pessoa que tenha miolos cuida apenas de seus próprios assuntos."
A moral dessa história, como as outras do Panchatranta, não se refere à ética em benefício das pessoas em geral, mas ao proveito que cada um pode obter conforme o seu
_______________________________________
A moral das histórias
continua vigente nesta época
de globalização. Por elas,
podemos entender o que se
passa na virada do milênio
_______________________________________
comportamento - como aliás já se vê nas elucubrações do príncipe-mercador cuja viagem está na origem de todo o livro. Dá para perceber que esse tipo de moral continua vigente, e talvez até se tenha acentuado, nesta época de globalização. Estudando essas fábulas indianas podemos entender o que se passa à nossa volta nesta virada de milênio. (No próximo sábado, observações a respeito do poeta-filósofo romano Lucrécio.)
Renato Pompeu é jornalista e escritor, autor do romance em hipertexto na Internet: O Terceiro Milênio
(http://www.pompeu.com/3milenio) e dos livros Impressos recém-lançados Globalização e Justiça Social, ensaio econômico; 2084 - O Admirável Mundo Neoliberal das Mulheres, ficção erótica, e Um Dia no Mundo, romance "globalizado" que se passa em todos os países do mundo.
Texto extraído de Caderno de Sábado
Jornal da Tarde
Data: Sábado - 23-8-97
O Jornal da Tarde pertencia ao jornal " O ESTADO DE SÃO PAULO"
Numa certa cidade, um mercador tinha mandado construir um templo num arvoredo na periferia. Todo dia o mestre-de-obras e outros artesãos partiam para a cidade ao meio-dia para o almoço. Um dia, um bando de macacos desceu sobre o templo ainda em construção. Um enorme tronco de pau-rosa, cortado por um dos carpinteiros, estava de um lado, com uma cunha de acácia inserida no alto, na fenda. Os macacos começaram a brincar nas copas das árvores, nos imponentes tetos e torres, e na pilha de madeira. Um deles, que estava destinado à derrota, subiu por pura curiosidade, em cima do tronco de pau-rosa e ali ficou divagando: "Ora, quem teve a ideia de enfiar uma cunha num lugar tão estranho?" Pegando a cunha com as duas mãos, ele começou a puxar, fazendo força, tentando soltá-la. Conseguiu; de repente a cunha escapou; as metades cortadas do pau-rosa se fecharam. Agora, você pode saber, sem que eu precise contar, o que aconteceu com os genitais do macaco presos na fenda embaixo do lugar em que a cunha tinha sido colocada.
- "Então eu lhe digo", notou Prudente, "qualquer pessoa que tenha miolos cuida apenas de seus próprios assuntos."
A moral dessa história, como as outras do Panchatranta, não se refere à ética em benefício das pessoas em geral, mas ao proveito que cada um pode obter conforme o seu
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A moral das histórias
continua vigente nesta época
de globalização. Por elas,
podemos entender o que se
passa na virada do milênio
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comportamento - como aliás já se vê nas elucubrações do príncipe-mercador cuja viagem está na origem de todo o livro. Dá para perceber que esse tipo de moral continua vigente, e talvez até se tenha acentuado, nesta época de globalização. Estudando essas fábulas indianas podemos entender o que se passa à nossa volta nesta virada de milênio. (No próximo sábado, observações a respeito do poeta-filósofo romano Lucrécio.)
Renato Pompeu é jornalista e escritor, autor do romance em hipertexto na Internet: O Terceiro Milênio
(http://www.pompeu.com/3milenio) e dos livros Impressos recém-lançados Globalização e Justiça Social, ensaio econômico; 2084 - O Admirável Mundo Neoliberal das Mulheres, ficção erótica, e Um Dia no Mundo, romance "globalizado" que se passa em todos os países do mundo.
Texto extraído de Caderno de Sábado
Jornal da Tarde
Data: Sábado - 23-8-97
O Jornal da Tarde pertencia ao jornal " O ESTADO DE SÃO PAULO"
HERANÇA GLOBAL - 34 (05)
continuação.......
Fábulas indianas de 2
mil anos atrás entraram
até no folclore ocidental
As histórias do "Panchatantra" influenciaram
La Fontaine e ecoam até mesmo em contos recolhidos
pelos irmãos Grimm, Perrault e Andersen
_________________________________
*Por Renato Pompeu
Fábulas indianas de 2
mil anos atrás entraram
até no folclore ocidental
As histórias do "Panchatantra" influenciaram
La Fontaine e ecoam até mesmo em contos recolhidos
pelos irmãos Grimm, Perrault e Andersen
_________________________________
*Por Renato Pompeu
E agora o que aconteceu com o pobre Vivaz, sozinho, doente e abandonado? Bem, ele estava destinado, por meio de sua própria sorte, a viver o tempo que lhe havia sido concedido de vida. Gradualmente, ele melhorou, recuperado e revigorado pelo jato refrescante das cascatas. Então lentamente se levantou sobre suas patas e mancou, passo a passo, até que finalmente atingiu as verdes margens do rio Yamuna. Colhendo as tenras pontas da relva luxuriante, cor-de-esmeralda, em poucos dias ele se tornou luzidio e gordo como o touro do Senhor Xiva ( um dos deuses da principal trindade do hinduísmo), exibindo uma magnífica corcova (note-se que é touro indiano, zebu) e fervilhando de energia. Diariamente ele vagava pelos prados verdejantes como um elefante brincalhão e se divertia atacando os grandes formigueiros, dando marradas em suas pontudas extremidades, ferindo-os com as afiadas pontas de seus chifres.
Aconteceu que um dia o leão Fulvo, acompanhado por um cortejo de diferentes espécies de animais, desceu ao rio para beber, quando ouviu o tremendo mugido do touro, que soava como o trovão de nuvens de chuva. Instantaneamente, Fulvo ficou paralisado, profundamente perturbado no coração. Entretanto, escondendo o verdadeiro estado de suas emoções, Fulvo recuou, retirando-se para o vasto círculo formado pela grande figueira-da-Índia (árvore sob a qual se podem abrigar dezenas e até centenas de pessoas), não longe de onde ele tinha parado. Assim, ele reuniu seu cortejo na formação comumente conhecida como os Quatro Círculos.
Caro leitor, como você está muito longe no tempo e no espaço do mundo desse livro de histórias, permita-me explicar o que são os Quatro Círculos. Temos o Círculo do Leão, o Círculo dos Atendentes, o Círculo dos Cortesãos - esses parasitas que crocitam e cacarejam - e o Círculo dos Serviçais - os que trazem e carregam alimentos e outras coisas. Como se costuma dizer, em qualquer cidade ou capital, vila, aldeia ou vilarejo, acampamento, colônia de brâmanes, posto da fronteira, mosteiro ou comunidade de pessoas, pode haver apenas um ocupante do leão. O Círculo dos Atendentes compreende muitas pessoas o dos parasitas, naturalmente, miríades. E, no que se refere ao quarto círculo, aquele dos "outros" - bem, eles se juntam na beirada floresta -, estão nas franjas, na periferia, por assim dizer. Assim é a hierarquia, alta, média, baixa. É assim que é, e sempre será.
Mais adiante, surgem os versos:
O Rei das Feras, cheio de energia
habita as matas, solitário,
sem os emblemas da realeza;
não instruído, não treinado na política;
sua força superior lhe dá a soberania;
ele governa, coroado simplesmente pelas palavras,
Ó rei! Salve! Ó rei!
Sem rito de consagração,
sem ablação sagrada,
as feras da floresta cumprem
a coroação do leão como rei.
continua na próxima postagem.......
sábado, 12 de dezembro de 2015
A HERANÇA GLOBAL - 34 (04)
continuação.....
E então a má sorte atingiu o nobre touro Vivaz, quando uma de suas patas pisou sobre um monte de lama macia e úmida num certo lugar em que fluía para longe, caindo continuamente, o jato de uma cascata de águas rápidas. Lutando sob a carga da pesada carroça superlotada, o touro caiu, quebrando o jugo. Vendo-o desabar e ficar espalhado no caminho, o cocheiro da carroça pulou fora, grandemente consternado, e correu para relatar o acontecido ao príncipe mercador, que cavalgava não muito atrás. Fazendo uma reverência cerimoniosa e
_______________________
O próprio La Fontaine
reconheceu que muitas de
suas famosas fábulas foram
inspiradas pelos
Panchatranta indianos
______________________
juntando as mãos, o cocheiro disse em voz trêmula: "Meu senhor, ó meu nobre senhor, é Vivaz; cansado da viagem, ele escorregou e caiu na lama; está caído, prostrado."
Ouvindo isso, o mercador ficou melancólico em vista da triste sina de Vivaz. Interrompeu a viagem e ficou parado durante cinco noites, de modo que Vivaz pudesse ser cuidado e sarasse. Mas quando o touro não mostrou sinais de recuperação o mercador deixou um suprimento de ração para o animal, indicou alguns de seus criados para ficarem e cuidarem do touro, exortando-os do seguinte modo:
"Agora ouçam, pessoal, tomem bem conta de Vivaz; se ele se recuperar e viver, o tragam e se juntem a mim. Se ele morrer, cumpram os últimos ritos; providenciem sua cremação e se reúnam ; a mim."
Tendo assim instruído seus homens, Vardhamana prosseguiu em sua viagem como planejado.
Então um dia os homens de Vardhamana, com medo dos muitos perigos que os espreitavam na floresta, decidiram que já era hora e abandonaram Vivaz a seu destino. Eles rapidamente alcançaram seu senhor e lhes contaram a história de como o touro tinha respirado pela última vez. "Ó senhor", gritaram, "o pobre Vivaz se foi, morto fizemos tudo quanto podíamos. Então cumprimos os últimos ritos e o consagramos nas chamas." Oh, quanta choradeira houve, assoamento de narizes e enxugamento de lágrimas!
Vardhamana ouviu toda a historia com tristeza; por um momento ficou paralisado de pena. Então, como o dever obrigava, cumpriu todas as cerimônias prescritas para o espírito que havia partido e, sem encontrar outro problema, chegou a Mathura com segurança.
continua na próxima postagem......
Texto extraído do JORNAL DA TARDE
" Caderno de Sábado"
Data: Sábado - 23-8-97
"JORNAL DA TARDE" pertencia ao jornal:
" O ESTADO DE SÃO PAULO"
"Agora ouçam, pessoal, tomem bem conta de Vivaz; se ele se recuperar e viver, o tragam e se juntem a mim. Se ele morrer, cumpram os últimos ritos; providenciem sua cremação e se reúnam ; a mim."
Tendo assim instruído seus homens, Vardhamana prosseguiu em sua viagem como planejado.
Então um dia os homens de Vardhamana, com medo dos muitos perigos que os espreitavam na floresta, decidiram que já era hora e abandonaram Vivaz a seu destino. Eles rapidamente alcançaram seu senhor e lhes contaram a história de como o touro tinha respirado pela última vez. "Ó senhor", gritaram, "o pobre Vivaz se foi, morto fizemos tudo quanto podíamos. Então cumprimos os últimos ritos e o consagramos nas chamas." Oh, quanta choradeira houve, assoamento de narizes e enxugamento de lágrimas!
Vardhamana ouviu toda a historia com tristeza; por um momento ficou paralisado de pena. Então, como o dever obrigava, cumpriu todas as cerimônias prescritas para o espírito que havia partido e, sem encontrar outro problema, chegou a Mathura com segurança.
continua na próxima postagem......
Texto extraído do JORNAL DA TARDE
" Caderno de Sábado"
Data: Sábado - 23-8-97
"JORNAL DA TARDE" pertencia ao jornal:
" O ESTADO DE SÃO PAULO"
sexta-feira, 11 de dezembro de 2015
A HERANÇA GLOBAL 34 (03)
Fábulas indianas de 2 mil anos atrás
entraram até no folclore ocidental
continuação......
Uma vez, no escuro da noite, um pensamento inesperado atravessou a mente de Vardhamana e ele ficou deitado divagando do seguinte modo:
entraram até no folclore ocidental
continuação......
Uma vez, no escuro da noite, um pensamento inesperado atravessou a mente de Vardhamana e ele ficou deitado divagando do seguinte modo:
"A riqueza, mesmo uma fortuna imensa, vai minguando com o uso constante... como o colírio. De outro lado, mesmo uma fortuna modesta cresce, se for sempre aumentada, como um formigueiro. Então... mesmo a riqueza imensa deve ser sempre aumentada; o que quer que ainda não tenha sido ganho deve ser ganho. Uma vez ganho, deve ser guardado com segurança. O que é bem guardado deve ser aumentado: bem investido. A riqueza guardada no modo costumeiro do mundo, ou seja, entesourada, pode desaparecer num relâmpago - a vida é cheia de perigos. Além disso, a riqueza entesourada é a mesma coisa que a riqueza não possuída. Então, a riqueza ganha deveria ser guardada com segurança, aumentada e utilizada. Pois, se diz:
Faça circular a riqueza que você ganha
e você ainda a mantêm
A água num tanque, sem saída,
se derrama e é desperdiçada.
A riqueza atrai a riqueza, assim como os elefantes domesticados atraem os selvagens;
a riqueza não pode ser ganha por um simples desejo;
não pode haver comércio sem riqueza.
O homem que deixa a riqueza atirada pela Fortuna sobre ele
ficar ociosa, não acha felicidade neste mundo,
nem no outro mundo. O que ele é então?
Um tolo completo fazendo o papel de sentinela."
Tendo assim ponderado a questão, Vardhamana chegou a uma conclusão. Ele iria viajar. Tendo reunido seus criados, ele juntou uma carroça cheia de mercadorias que achariam fácil venda na cidade de Mathura. Então marcou um dia e hora em que a lua e as estrelas estavam em posições auspiciosas. Depois de receber a bênção de seus pais, ele partiu, sob o som de trombetas e música de flautas à frente dele, e com seus amigos e parentes fechando a retaguarda. À beira da água (do fosso que circundava a cidade), ele disse adeus aos amigos e parentes e começou sua viagem a Mathura.
Ora, Vardhamana possuía dois nobres touros, brancos como as nuvens e ostentando marcas misteriosas que auguravam boa sorte. Chamados Alegre e Vivaz, eles puxavam a carroça carregada com mercadorias.
Após algum tempo a caravana alcançou uma grande floresta; encantadora com árvores densamente copadas, dhava e acácia, sal (nome de uma árvore indiana), chamada-floresta e numerosas outras belas árvores floridas; assustadora por causa das muitas feras poderosas que por ela vagueavam, elefante e bisão, búfalo e javali, tigre, leopardo e urso; deliciosa por causa das manadas de gazelas e de cervos de rabo espesso; cheia de riachos que desciam as encostas, e dotada de ravinas e cavernas.
continua na próxima postagem........
Extraído do Caderno de Sábado
JORNAL DA TARDE
Data: Sábado - 23-8-97
Jornal da Tarde pertencia ao jornal:
"O ESTADO DE SÃO PAULO"
Tendo assim ponderado a questão, Vardhamana chegou a uma conclusão. Ele iria viajar. Tendo reunido seus criados, ele juntou uma carroça cheia de mercadorias que achariam fácil venda na cidade de Mathura. Então marcou um dia e hora em que a lua e as estrelas estavam em posições auspiciosas. Depois de receber a bênção de seus pais, ele partiu, sob o som de trombetas e música de flautas à frente dele, e com seus amigos e parentes fechando a retaguarda. À beira da água (do fosso que circundava a cidade), ele disse adeus aos amigos e parentes e começou sua viagem a Mathura.
Ora, Vardhamana possuía dois nobres touros, brancos como as nuvens e ostentando marcas misteriosas que auguravam boa sorte. Chamados Alegre e Vivaz, eles puxavam a carroça carregada com mercadorias.
Após algum tempo a caravana alcançou uma grande floresta; encantadora com árvores densamente copadas, dhava e acácia, sal (nome de uma árvore indiana), chamada-floresta e numerosas outras belas árvores floridas; assustadora por causa das muitas feras poderosas que por ela vagueavam, elefante e bisão, búfalo e javali, tigre, leopardo e urso; deliciosa por causa das manadas de gazelas e de cervos de rabo espesso; cheia de riachos que desciam as encostas, e dotada de ravinas e cavernas.
continua na próxima postagem........
Extraído do Caderno de Sábado
JORNAL DA TARDE
Data: Sábado - 23-8-97
Jornal da Tarde pertencia ao jornal:
"O ESTADO DE SÃO PAULO"
sábado, 5 de dezembro de 2015
A HERANÇA GLOBAL - 34 (02)
continuação........
A partir do século 11 d.C. começaram a ser difundidas em línguas ocidentais na Europa, onde foram assimiladas até pelo folclore. Devemos chamar a atenção para o fato de que há uma importante diferença entre essas fábulas indianas e as do grego Esopo. Nas fábulas indianas, os animais têm um comportamento semelhante aos dos seres humanos, enquanto nas de Esopo os animais se comportam mais propriamente como animais, cada um com os hábitos de sua espécie embora também simbolizem paixões humanas.
Ao longo das histórias do Panchatantra se sucedem trechos em prosa e trechos em verso. Eis a primeira das histórias-moldura. A Separação entre Amigos.
Agora, nós começamos no começo com o primeiro livro de contos. A Separação entre Amigos.
Oh! Que bela amizade esta era!
entre o nobre touro e o leão majestoso -
Nas profundas, escuras selvas ela nasceu e cresceu forte,
então - apareceu um chacal traiçoeiro;
tomado pela cobiça, perturbou a amizade
E - ora, a amizade morreu.
aqui está como a história era contada:
Uma vez, na terra ao sul florescia a bela cidade de Mahilaropya, que rivalizava em esplendor mesmo com Amaravati, a Cidade dos Deuses. Possuindo todas a excelências que poderiam ser imaginadas, ela brilhava como a joia da Coroa da Terra. Construída segundo a forma do pico Kailasa, ela tinha portões imponentes e altas torres de vigia abundantemente estocadas com muitas espécies diferentes de armamentos. Seu principal portão, gigantesco e decorado por belos arcos esculpidos, tinha um maciço portal de madeira sólida, amplo, dotado de fortes ferrolhos e vigas. Ao todo, a cidade parecia mais com a fabulosa Montanha do Indrakila. Numerosos templos a embelezavam, localizados como está prescrito nos textos sagrados, em espaçosas praças formadas por amplos cruzamentos. Enormes baluartes, que pareciam as grandiosas serras de Himalaias, cercados por um fosso profundo, rodeavam a cidade.
Nessa bela cidade morava Vardhamana, o príncipe-mercador, dotado de tantas qualidades raras. O mérito de suas obras, granjeado em muitas vidas passadas, o tinha abençoado com riqueza imensa.
____________________________
A autoria dos textos é
atribuída a um sábio,
encarregado de educar os
filhos de um rei para mantê-los
entretidos e instruí-los
____________________________
continua na próxima postagem.........
Extraído do "CADERNO DE SÁBADO"
JORNAL DA TARDE
Data: Sábado - 23-8-97
Jornal da Tarde pertencia ao "O ESTADO DE SÃO PAULO"
Ao longo das histórias do Panchatantra se sucedem trechos em prosa e trechos em verso. Eis a primeira das histórias-moldura. A Separação entre Amigos.
Agora, nós começamos no começo com o primeiro livro de contos. A Separação entre Amigos.
Oh! Que bela amizade esta era!
entre o nobre touro e o leão majestoso -
Nas profundas, escuras selvas ela nasceu e cresceu forte,
então - apareceu um chacal traiçoeiro;
tomado pela cobiça, perturbou a amizade
E - ora, a amizade morreu.
aqui está como a história era contada:
Uma vez, na terra ao sul florescia a bela cidade de Mahilaropya, que rivalizava em esplendor mesmo com Amaravati, a Cidade dos Deuses. Possuindo todas a excelências que poderiam ser imaginadas, ela brilhava como a joia da Coroa da Terra. Construída segundo a forma do pico Kailasa, ela tinha portões imponentes e altas torres de vigia abundantemente estocadas com muitas espécies diferentes de armamentos. Seu principal portão, gigantesco e decorado por belos arcos esculpidos, tinha um maciço portal de madeira sólida, amplo, dotado de fortes ferrolhos e vigas. Ao todo, a cidade parecia mais com a fabulosa Montanha do Indrakila. Numerosos templos a embelezavam, localizados como está prescrito nos textos sagrados, em espaçosas praças formadas por amplos cruzamentos. Enormes baluartes, que pareciam as grandiosas serras de Himalaias, cercados por um fosso profundo, rodeavam a cidade.
Nessa bela cidade morava Vardhamana, o príncipe-mercador, dotado de tantas qualidades raras. O mérito de suas obras, granjeado em muitas vidas passadas, o tinha abençoado com riqueza imensa.
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A autoria dos textos é
atribuída a um sábio,
encarregado de educar os
filhos de um rei para mantê-los
entretidos e instruí-los
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continua na próxima postagem.........
Extraído do "CADERNO DE SÁBADO"
JORNAL DA TARDE
Data: Sábado - 23-8-97
Jornal da Tarde pertencia ao "O ESTADO DE SÃO PAULO"
sexta-feira, 4 de dezembro de 2015
A HERANÇA GLOBAL- 34 (01)
Fábulas indianas de 2 mil atrás entraram até no folclore ocidental
As histórias do "Panchatantra" influenciaram La Fontaine e ecoam até mesmo em contos recolhidos pelos irmãos Grimm, Perranault e Andersen
* Renato Pompeu
Se quando se fala em fábulas os nomes de autores que surgem à mente dos ocidentais cultos são o do grego Esopo e do francês La Fontaine, a verdade é que, segundo a grande maioria dos pesquisadores, a coleção mais importante em toda a história mundial de histórias com animais como personagens são os Panchatantra, obra indiana que começou a ser reunida no século 1º a.C. O nome significa Cinco Capítulos, pois o texto é dividido em cinco partes, cada uma delas iniciada por uma chamada história-moldura, ou história-modelo, que serve ao mesmo tempo de modelo e de tema para as restantes fábulas do capítulo; a rigor, as outras histórias de cada capítulo são narradas por personagens da história-moldura.
Na verdade, o próprio La Fontaine reconheceu por escrito que muitas de suas fábulas foram inspiradas por essas histórias indianas, algumas das quais se encontram, retrabalhadas pela imaginação popular europeia, também nos contos colecionados pelos irmãos Grimm, da Alemanha, e por Perrault, da França, além de Andersen, da Dinamarca.
__________________________
A moral das histórias do
Panchatantra exalta mais
as artimanhas para obter
vantagens do que a ética
ou a solidariedade
__________________________
A autoria das fábulas indianas é atribuída tradicionalmente a um sábio, Vishnusarman, que, perto dos 80 anos, foi encarregado de educar os três filhos de um rei. Como os jovens príncipes eram muito agitados e pouco dados a ficar quietos prestando atenção nas falas do mestre, este compôs as histórias para ao mesmo tempo mantê-los entretidos e instruí-los. Entretanto, o que se poderia chamar de moral de cada história exalta muito mais a esperteza e as artimanhas para obter vantagens do que propriamente a ética ou a solidariedade.
A partir do século 6º d.C. as fábulas começaram a ser traduzidas fora da Índia, no Irã, e em seguida nos países conquistados pelos árabes, até a Espanha; em outra direção, por todo o Sudeste Asiático e o Extremo Oriente.
continua na próxima postagem.......
Extraído do "Caderno de Sábado"
Jornal da Tarde
Data: Sábado - 23-8-97
O jornal pertencia ao "O ESTADO DE SÃO PAULO"
Na verdade, o próprio La Fontaine reconheceu por escrito que muitas de suas fábulas foram inspiradas por essas histórias indianas, algumas das quais se encontram, retrabalhadas pela imaginação popular europeia, também nos contos colecionados pelos irmãos Grimm, da Alemanha, e por Perrault, da França, além de Andersen, da Dinamarca.
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A moral das histórias do
Panchatantra exalta mais
as artimanhas para obter
vantagens do que a ética
ou a solidariedade
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A autoria das fábulas indianas é atribuída tradicionalmente a um sábio, Vishnusarman, que, perto dos 80 anos, foi encarregado de educar os três filhos de um rei. Como os jovens príncipes eram muito agitados e pouco dados a ficar quietos prestando atenção nas falas do mestre, este compôs as histórias para ao mesmo tempo mantê-los entretidos e instruí-los. Entretanto, o que se poderia chamar de moral de cada história exalta muito mais a esperteza e as artimanhas para obter vantagens do que propriamente a ética ou a solidariedade.
A partir do século 6º d.C. as fábulas começaram a ser traduzidas fora da Índia, no Irã, e em seguida nos países conquistados pelos árabes, até a Espanha; em outra direção, por todo o Sudeste Asiático e o Extremo Oriente.
continua na próxima postagem.......
Extraído do "Caderno de Sábado"
Jornal da Tarde
Data: Sábado - 23-8-97
O jornal pertencia ao "O ESTADO DE SÃO PAULO"
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