domingo, 30 de novembro de 2014
NOEL ROSA......
Pastorinhas
Noel Rosa
A estrela d'alva no céu desponta
E a lua anda tonta com tamanho esplendor
E as pastorinhas pra consolo da lua
Vão cantando na rua lindos versos de amor.
Linda pastora morena da cor de Madalena
Tu não tens pena de mim
Que vivo tonto com o teu olhar
Linda criança tu não me sais da lembrança
Meu coração não se cansa
De sempre sempre te amar
OBSERVAÇÃO: Música muito conhecida.... pesquisando no google: "Pastorinhas de Noel Rosa - letras.mus.br", pode-se ouvir a música e também conferir a letra.
sexta-feira, 28 de novembro de 2014
VAMOS FALAR DE POESIA?........
ESTRELA D'ALVA
Luzia naquela madrugada
Uma estrela muito alva
Bela, grande e prateada
Realmente a mim
Muito encantava...
Nomeada estrela D'Alva
No céu azul, logo, indicava
Essa estrela muito alva
Brilhante e meiga
Ficava....
Conhecida também como Estrela dos Pastores,
Estrela Vespertina, Estrela da Manhã,
Estrela da Tarde, ou...
Ainda,
Vênus...
Ah!.... Estrela D'Alva, na realidade
É um planeta.....
-É o nosso planeta Vênus,
Que deixa a nossa Lua
Toda enamorada....
Inebriada de amor .....
Vênus,
Reluzente,
Demonstra todo o
Seu charme...
À Lua...
" E.. como é reluzente a Estrela D'Alva "
yosinoli
década 19....
domingo, 23 de novembro de 2014
E.....ESPERANDO NATAL............
A rua Vinte e Cinco de Março,
Referência do comércio popular
Em São Paulo,
Começa aos poucos
Respirar ares de Natal...
Também surgem nos shoppings:
Árvores de Natal....
Alguns enfeites meio dispersos
Aqui e acolá....
Músicas natalinas,
Ainda
Pouco tocadas.
Natal!.....
Alegria das criançadas....
E expectativas dos comerciantes....
Ao verem árvores de natal
Enfeitadas.....
As crianças demonstram alegrias....
Por enquanto,
Elas
Estão
Interessadas
Em
Interagir
Com os
Brinquedos
Montados
Nos Shoppings...
Também, logicamente
Receber
Beijo, carinho, abraço,
E,
Sentar no colo
De Papai Noel...
Papai Noel é o charme das criançadas, como sempre.........
yosinoli
novembro/2014
sábado, 22 de novembro de 2014
RAUL BOPP
RAUL BOPP ( Tupaceretã, RS, 1898). Descendente de imigrantes alemães estabelecidos no Sul desde os meados do século passado. Viajou por todo o país praticando as profissões mais díspares, desde pintor de paredes até caixeiro de livraria. Na década de 20 percorreu demoradamente a Amazônia; em São Paulo, poucos anos depois da Semana, aproximou-se dos vários subgrupos modernistas, integrando inicialmente o Verde-amarelo, mas, já em 1928, ligando-se a Oswald e a Tarsila, padroeiros da Antropofagia. Foi jornalista e diplomata. Obra: Cobra Norato, 1931; Urucungo, 1933; Poesias, 1947; Os Movimentos Modernistas, 1966; Putirum, 1969.
Texto retirado do livro: História concisa da LITERATURA BRASILEIRA
Alfredo Bosi (Da Universidade de S.Paulo)
Editora Cultrix
20 DE NOVEMBRO - DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA....
NEGROS
(Raul Bopp)
Pesa em teu sangue a voz de ignoradas origens.
As florestas guardam na sombra o segredo da tua
[história.
A tua primeira inscrição em baixo-relevo foi chicotada
[lombo.
Um dia, atiraram-te no bojo de um navio negreiro
E durante noites longas e longas viste ouvindo o barulho
[do mar,
Como um soluço dentro do porão soturno.
O mar era um irmão da tua raça.
Um dia de madrugada, uma nesga de praia e um porto,
Armazéns com depósitos de escravos
E o gemido de teus irmãos amarrados numa coleira
[de ferro.
Principiou aí a tua história.
O resto, o Congo longínquo, as palmeiras e o mar
Ficou se queixando no bojo do urucungo.
pag. 223
Poesia extraída do livro: Língua e Literatura Brasileira
Vol. 7
Língua Portuguesa e Literatura Luso-Brasileira
Editora F.T.D. S/A
domingo, 16 de novembro de 2014
Para finalizar.........História do Haiku no Brasil.......
Pode-se afirmar que a história de haiku no Brasil teve início com a vinda de dois haicaístas da linhagem de "Hototogisu: Keiseki Kimura e Nempuku Sato, ambos discípulos de Kyoshi Takahama.
Como o haiku vinha sendo praticado pelo povo desde a era Edo (1063 - 1868), assim que os imigrandes chegaram no Brasil, houve muitas manifestações literárias isoladas dessa arte. Mesmo Shuhei Uetsuka ( 1876 - 1935 ), encarregado de conduzir os primeiros imigrantes no navio Kasato Maru que aportou em Santos no dia 18 de junho de 1908, escrevia haiku sob o pseudônimo de Hyôkotsu. Assim, Uetsuka, conhecido também como pai de imigração japonesa, compôs alguns haiku nos seus primeiros dias no Brasil, já na Hospedaria do Imigrante no bairro da Mooca, hoje, Memorial do Imigrante.
Um dos haiku dessa época:
BURAJIRU NO Festa de fogueira
SHOYA NARU TAKIBI no primeiro dia
MATSURI KANA de estada no Brasil.
Há um outro haiku de Uetsuka, escrito durante a sua estada na Hospedaria do Imigrante, muito interessante que revela bem as divergências culturais. Os japoneses, um povo costumeiramente mais retraído e não habituado a gestos efusivos como os dos brasileiros ficavam assustados e até se sentiam ofendidos ao serem cumprimentados pelos brasileiros, dando tapinhas de boas-vindas nos seus ombros.
BOM DIA TO Os imigrantes recém-chegados,
TATAKU O OKORU ofendidos com os tapinhas
SHIN IMIN de bom-dia.
Texto extraído do livro: Haiku & Haicai
- Descobrindo a Natureza -
De: Akiko Kurihara
Como o haiku vinha sendo praticado pelo povo desde a era Edo (1063 - 1868), assim que os imigrandes chegaram no Brasil, houve muitas manifestações literárias isoladas dessa arte. Mesmo Shuhei Uetsuka ( 1876 - 1935 ), encarregado de conduzir os primeiros imigrantes no navio Kasato Maru que aportou em Santos no dia 18 de junho de 1908, escrevia haiku sob o pseudônimo de Hyôkotsu. Assim, Uetsuka, conhecido também como pai de imigração japonesa, compôs alguns haiku nos seus primeiros dias no Brasil, já na Hospedaria do Imigrante no bairro da Mooca, hoje, Memorial do Imigrante.
Um dos haiku dessa época:
BURAJIRU NO Festa de fogueira
SHOYA NARU TAKIBI no primeiro dia
MATSURI KANA de estada no Brasil.
Há um outro haiku de Uetsuka, escrito durante a sua estada na Hospedaria do Imigrante, muito interessante que revela bem as divergências culturais. Os japoneses, um povo costumeiramente mais retraído e não habituado a gestos efusivos como os dos brasileiros ficavam assustados e até se sentiam ofendidos ao serem cumprimentados pelos brasileiros, dando tapinhas de boas-vindas nos seus ombros.
BOM DIA TO Os imigrantes recém-chegados,
TATAKU O OKORU ofendidos com os tapinhas
SHIN IMIN de bom-dia.
Texto extraído do livro: Haiku & Haicai
- Descobrindo a Natureza -
De: Akiko Kurihara
sábado, 15 de novembro de 2014
E..... AINDA HAIKAI..
História do HAIKU
O haiku tem sua origem no poema tradicional japonês chamado Waka.
O haiku tem sua origem no poema tradicional japonês chamado Waka.
Nos fins da era Heian (794-1192), muitos nobres passaram apreciar a diversão de compor um waka em série, com vários deles dando continuidade ao mesmo poema. Essa moda tornou-se bastante comum entre os nobres da era Kamakura (1192 - 1333), sob o nome de "renga" (haicais encadeados/em cadência). Compunha-se waka com um primeiro iniciando o poema composto por versos de 5,7, 5 sílabas; o outro dando prosseguimento com versos de 7, 7 sílabas e assim sucessivamente. Os primeiros versos 5, 7, 5 sílabas eram chamados de "hokku" (primeira estrofe ou estrofe básica) que, com o passar do tempo, separaram-se dos demais, tomando-se poemas independentes, dando origem ao HAIKU.
Até a era Edo (1603-1868), o haiku recebia a denominação de "haikai". No início, o haikai possuía teor humorístico ou sátira à época ou ao governo reinante.
Teitoku Matsunaga (1571 - 1653), um homem culto, que dominava o confucionismo, os preceitos do xintoísmo assim como outros pensamentos, interessou-se pelo haikai, elevando-o até ao nível de uma arte literária. No entanto, como ele se apegava demais ao tradicionalismo, com regras rígidas e conservadoras, após a sua morte, a escola Teitoku sofreu cisão e a escola Danrin ganhou forças. A escola Danrin dominava todo o panorama de haikai, mas o seu estilo livre demais, pendendo ao vulgarismo, afastou muitos intelectuais dessa escola.
Dentro desse panorama, surgiu Bashô Matsuo (1644 - 1694), um poeta que viajou por várias partes do Japão, compondo haikai e conquistando muitos discípulos que deram segmento ao haikai criado por ele. Os seus poemas de estilo simplista, descrevendo a natureza por meio de observações aguçadas, apoiava-se na visão oriental de wabi (serenidade plena) e sabi (extremo refinamento).
Bashô Matsuo passou a compor haikai independentemente de hokku de volta o bom gosto a esse segmento da literatura que estava tomando o caminho para a comicidade, um tanto quanto banalizada.
pag. 23
Extraído do livro: Haiku & Hacai
- Descobrindo a Natureza -
Autora e tradutora: Akiko Kurihara
Revisora de português: Magda K.Mizukawa Iwakura
Ilustrador: Marco Abe
Capa: Marco Abe
Impressão: Service Miyagawa
Algumas obras famosas de Bashô
Furuike ya ........... Poço abandonado
Kawazu tobikomu ........ pula o sapo
Mizu no oto ................. chapinando a água
Shizukeça ya .............. O silêncio,
Iwa ni shimi iru ........ o canto da cigarra
Semi no koe ............... que penetra as rochas
Poesias extraídas do livro: Haiku & Haikai
pag. 23
Extraído do livro: Haiku & Hacai
- Descobrindo a Natureza -
Autora e tradutora: Akiko Kurihara
Revisora de português: Magda K.Mizukawa Iwakura
Ilustrador: Marco Abe
Capa: Marco Abe
Impressão: Service Miyagawa
Algumas obras famosas de Bashô
Furuike ya ........... Poço abandonado
Kawazu tobikomu ........ pula o sapo
Mizu no oto ................. chapinando a água
Shizukeça ya .............. O silêncio,
Iwa ni shimi iru ........ o canto da cigarra
Semi no koe ............... que penetra as rochas
Poesias extraídas do livro: Haiku & Haikai
sábado, 8 de novembro de 2014
HAIKAI 06
continuação do 05
Uma variante perigosa do haicai é a lúdica, como a criação de Bashô que reproduzimos adiante. Matsushima é um nome de lugar, modulado no poema para produzir efeitos de recordação e saudade:
Matsushima ya
aa Matsushima ya
Matsushima ya
A perfeição da forma até prejudica a "alma" essencial do poema, e os bons haicaístas ocidentais sofrem muitas vezes desse mal. Mas também no Ocidente encontramos criações admiráveis, poemas muito próximos da concepção zen, em que a brevidade é apenas um método, e o virtuosismo da expressão compacta não perturba a limpidez da intenção. É o caso de muitos haiku do nosso Pedro Xisto Pereira de Carvalho, já falecido, cuja obra ficou dispersa em jornais, revistas, opúsculos, edições fora do comércio. A maior coletânea desses haicais é Caminho, uma edição do autor de excepcional qualidade gráfica (Rio de Janeiro, Berlendis & Vertcchia , 1979, 214 págs).
Terminamos alegremente esta introdução ao mundo do haiku com alguns dos poemas de Pedro Xisto:
Céu de nuvens brancas
tigela antiga de arroz
cãs: reverências
Praticar o haiku é colher fragmentos do tempo, procedimento ligado às raízes budistas da cultura
névoas? neva ainda?
deste céu de cerejeiras
pétalas partindo
bonzos: ronda ao longe
gongos: rimbombos redondos
montam pelo monte
Em horto de monges
Crisálida espera as asas
Brisa move as frondes.
Sérgio Bath é diplomata e residiu no Japáo. É autor, entre outros livros, de Japão Ontem e Hoje (1993) e Sintoísmo: o Caminho dos Deuses (1998), publicados pela Ática
O texto ( 01 a 06) foi extraído do jornal "Jornal da Tarde"
CADERNO DE SÁBADO - Sábado, 3 de outubro de 1998
Jornal da Tarde pertencia ao jornal " O ESTADO DE SÃO PAULO "
HAIKAI 05
continuação de 04...
Outras vezes repetiu-se a estrutura silábica, amoldando-se a criação ao estilo do poeta e às inclinações peculiares da língua utilizada. Como o nosso Guilherme de Almeida, que se serviu de rima, com bom resultado:
Uma folha morta.
Um galho no céu grisalho.
Fecho a minha porta.
Um gosto de amora
Comida com sol. A vida
Chamava-se "Agora".
Esvoaça a libélula.
Esponja verdade. Uma concha.
O lago é uma pérola.
Incidentalmente, foi Guilherme de Almeida, amante do haicai, que assim o definiu:
Lava, escorre, agita
A areia. E enfim, na bateia,
Fica uma pepita.
O perigo de algumas dessas adaptações ocidentais está da perda de
Os "haicaístas" mostram um prazer perverso de ocultar a referência à natureza
vitalidade, para a qual nos alerta Haroldo de Campos; na transformação do haicai em simples adorno, naquilo que Ezra Pound chamaria ironicamente de "rice powder poetry" - poesia pó de arroz" -.
Os quatro grandes mestres do haiku clássico foram os já citados Bashô e Issa, Yosa Buson (1716-1784) e Masaoka Shioki (1867 - 1902). No Japão há incontáveis praticantes da poesia tradicional, especialmente o haicai. São japoneses e estrangeiros, e em 1961 um destes, o diplomata brasileiro Galba Samuel Santos (1917-1968) ganhou um prêmio da Casa Imperial, com um tenka (Nai tsunami/ gen baku no shiren/ fumiko e te/ fuso no kunitsuchi/ saka e yuku miyu) cuja tradução prosaica é a seguinte: "Terremotos, maremotos, a bomba atômica: todas essas provações assolando o país. Nem por isso desapareceram a glória e a energia espiritual da Terra do Sol Nascente".
continua na próxima postagem.....
Uma folha morta.
Um galho no céu grisalho.
Fecho a minha porta.
Um gosto de amora
Comida com sol. A vida
Chamava-se "Agora".
Esvoaça a libélula.
Esponja verdade. Uma concha.
O lago é uma pérola.
Incidentalmente, foi Guilherme de Almeida, amante do haicai, que assim o definiu:
Lava, escorre, agita
A areia. E enfim, na bateia,
Fica uma pepita.
O perigo de algumas dessas adaptações ocidentais está da perda de
Os "haicaístas" mostram um prazer perverso de ocultar a referência à natureza
vitalidade, para a qual nos alerta Haroldo de Campos; na transformação do haicai em simples adorno, naquilo que Ezra Pound chamaria ironicamente de "rice powder poetry" - poesia pó de arroz" -.
Os quatro grandes mestres do haiku clássico foram os já citados Bashô e Issa, Yosa Buson (1716-1784) e Masaoka Shioki (1867 - 1902). No Japão há incontáveis praticantes da poesia tradicional, especialmente o haicai. São japoneses e estrangeiros, e em 1961 um destes, o diplomata brasileiro Galba Samuel Santos (1917-1968) ganhou um prêmio da Casa Imperial, com um tenka (Nai tsunami/ gen baku no shiren/ fumiko e te/ fuso no kunitsuchi/ saka e yuku miyu) cuja tradução prosaica é a seguinte: "Terremotos, maremotos, a bomba atômica: todas essas provações assolando o país. Nem por isso desapareceram a glória e a energia espiritual da Terra do Sol Nascente".
continua na próxima postagem.....
HAIKAI 04
continuação de 03....
A língua japonesa é marcada pela prolixidade.
Mas a linguagem do haicai é sucinta
(Shokatu) "In de river breeze / A cluster of willows / Spring is appearing" (Socho) " The sound of a boat being poled / Clear in te clear mornig light" (Sogi), etc.
A língua japonesa é marcada pela prolixidade.
Mas a linguagem do haicai é sucinta
(Shokatu) "In de river breeze / A cluster of willows / Spring is appearing" (Socho) " The sound of a boat being poled / Clear in te clear mornig light" (Sogi), etc.
Se à primeira vista o que chama a atenção no haicai são suas características externas, em particular o poder de síntese e a estrutura compacta, é uma característica interna que o identifica com maior precisão: sua essência é a percepção instantânea, a revelação sumária em que as idéias, o sentido e também a música das palavras - sem esquecer a interação ideograma-pronúncia, própria da língua japonesa - que canalizam uma intuição do mundo.
Assim, o propósito do verdadeiro haicai é o conhecimento momentâneo da realidade. Já se disse que praticar o haiku é colher spots of time, fragmentos de tempo,um procedimento vinculado às raízes budistas da tradição japonesa. O haicai se aproxima assim do satori dos discípulos zen.
A palavra satori denota o ato de despertar (do sono, de um torpor); satoru, a forma verbal, significa "acordar". Segundo Daisetz Suzuki, o conhecido divulgador do budismo, trata-se do processo "que ilumina instantaneamente o campo da consciência, como um relâmpago", estabelecendo um contato cognitivo com a realidade.
O satori é incomunicável, mas pode ser provocado, por exemplo pelo, koan: um paradoxo propõe problema aparentemente insolúvel à luz da razão, e desperta assim nossa faculdade intuitiva. Ora, o haiku também nos pode despertar para um aspecto dessa realidade fugidia que a literatura japonesa chama de "mundo de orvalho" (fantasma da madrugada, que desaparece com a luz do dia).
O poder sugestivo do haicai, decorrente do seu caráter incompleto-ele é muitas vezes uma mera insinuação que se completa e potencializa no espírito de quem ouve e lê - tem atraído muitos poetas ocidentais, desde os chamados "imagistas". Alguns, como Amy Lowell (1874-1925), tentaram imitá-lo com toques de "orientalismo convencional":
Brighter than the fireflies
upon the Uji river
are your words in the dark,
Beloved
continua na próxima postagem....
Assim, o propósito do verdadeiro haicai é o conhecimento momentâneo da realidade. Já se disse que praticar o haiku é colher spots of time, fragmentos de tempo,um procedimento vinculado às raízes budistas da tradição japonesa. O haicai se aproxima assim do satori dos discípulos zen.
A palavra satori denota o ato de despertar (do sono, de um torpor); satoru, a forma verbal, significa "acordar". Segundo Daisetz Suzuki, o conhecido divulgador do budismo, trata-se do processo "que ilumina instantaneamente o campo da consciência, como um relâmpago", estabelecendo um contato cognitivo com a realidade.
O satori é incomunicável, mas pode ser provocado, por exemplo pelo, koan: um paradoxo propõe problema aparentemente insolúvel à luz da razão, e desperta assim nossa faculdade intuitiva. Ora, o haiku também nos pode despertar para um aspecto dessa realidade fugidia que a literatura japonesa chama de "mundo de orvalho" (fantasma da madrugada, que desaparece com a luz do dia).
O poder sugestivo do haicai, decorrente do seu caráter incompleto-ele é muitas vezes uma mera insinuação que se completa e potencializa no espírito de quem ouve e lê - tem atraído muitos poetas ocidentais, desde os chamados "imagistas". Alguns, como Amy Lowell (1874-1925), tentaram imitá-lo com toques de "orientalismo convencional":
Brighter than the fireflies
upon the Uji river
are your words in the dark,
Beloved
continua na próxima postagem....
HAIKAI 03....
continuação de 02....
Por que "sílabas" entre aspas? Não se trata propriamente de sílabas, mas do que poderíamos chamar de " unidades de duração" - convém não esquecer que haicai clássico é escrito em japonês. Assim, o "n" que não precede uma vogal pode corresponder uma unidade enquanto uma vogal longa pode ser contada em dobro. Para exemplificar: Onjoji tem cinco unidades de som: o-n-jo-o-ji, e Nippon tem quatro: Ni-p-po-n. Portanto, o limite que a língua impõe à expressão é ainda maior do que no Ocidente se suspeita. O haicai é sobretudo um exercício de contenção verbal, de densidade poética.
O que não deixa de ser curioso, porque o gênio da língua japonesa é marcado pela prolixidade. Citamos Donald Keene: "O japonês é uma lín-
O limite que a língua no Japão impõe à expressão é maior do que se supõe no Ocidente
gua de frases intermináveis - por vezes literalmente intermináveis, deixadas incompletas depois de vigésima ou quadragésima volta, como se o autor se desesperasse de chegar ao fim". Mas a linguagem do haicai é artificialmente contrata e sucinta.
Naturalmente toda regra tem excessões, e o número dessas unidades de duração nem sempre é 17. Uma excessão famosa é um haiku de Teishitsu (1609-73), com 18 unidades (6-7-5):
Kore wa kore wa
to bakari hana no
Yoshinoyama
Quanto à referência à natureza e à estação do ano pode estar implícita, e nem sempre é fácil de perceber. Os haicaístas ( se o leitor me permite o neologismo) mostram às vezes um prazer perverso em oculá-la. Se encontramos a palavra yuki ( "neve"), saberemos que é tempo de inverno, mas num poema como este, de Bashô, só quem conhece o costume do velho Japão de visitar os cemitérios no verão pode saber de que época se trata:
Ie wa mina
tsue ni shigara no
haka mairi
Ou seja: "cabelos encanecidos, / bengala na mão, os membros da família / visitam o cemitério."
Quanto à regra da singularidade e do tempo presente, ela se aplica ao mundo mental do poeta, e não necessariamente ao fato ou circunstância que lhe serviu de estímulo criador. Há um excelente exemplo de Onitsura, citado por Harold Henderson. Poderíamos traduzi-lo assim:
"Vemos o botão / depois a flor que se dispersa / e então..." Dir-se-á, apologeticamente, que não há aqui generalização nem fuga ao presente, já que o foco é a reação subjetiva do poeta, no momento exato em que a brisa dispersa as pétalas da cerejeira.
Originalmente, o haiku correspondia ao destaque dos três primeiros versos do tanka (um formato mais antigo) de 31 sílabas (5-7-5-7-7), cadência que se ajusta com perfeição à língua japonesa. Aliás, tanto o haiku como o tanka podem ocorrer em série de poemas encadeados, dos quais o primeiro se diria um hokku, às vezes de diferentes autores: é o chamado renga.
Em 1488, Sogi e dois discípulos, Shokaku e Socho, escreveram uma dessas séries, que começa assim (na tradução inglesa de Donald Keene):
"Snow yet remainting / The mountain slopes are hazy / It is evening."
(Sogi) "The water distantly flows / By the plum-scented village".
continua na próxima postagem....
O que não deixa de ser curioso, porque o gênio da língua japonesa é marcado pela prolixidade. Citamos Donald Keene: "O japonês é uma lín-
O limite que a língua no Japão impõe à expressão é maior do que se supõe no Ocidente
gua de frases intermináveis - por vezes literalmente intermináveis, deixadas incompletas depois de vigésima ou quadragésima volta, como se o autor se desesperasse de chegar ao fim". Mas a linguagem do haicai é artificialmente contrata e sucinta.
Naturalmente toda regra tem excessões, e o número dessas unidades de duração nem sempre é 17. Uma excessão famosa é um haiku de Teishitsu (1609-73), com 18 unidades (6-7-5):
Kore wa kore wa
to bakari hana no
Yoshinoyama
Quanto à referência à natureza e à estação do ano pode estar implícita, e nem sempre é fácil de perceber. Os haicaístas ( se o leitor me permite o neologismo) mostram às vezes um prazer perverso em oculá-la. Se encontramos a palavra yuki ( "neve"), saberemos que é tempo de inverno, mas num poema como este, de Bashô, só quem conhece o costume do velho Japão de visitar os cemitérios no verão pode saber de que época se trata:
Ie wa mina
tsue ni shigara no
haka mairi
Ou seja: "cabelos encanecidos, / bengala na mão, os membros da família / visitam o cemitério."
Quanto à regra da singularidade e do tempo presente, ela se aplica ao mundo mental do poeta, e não necessariamente ao fato ou circunstância que lhe serviu de estímulo criador. Há um excelente exemplo de Onitsura, citado por Harold Henderson. Poderíamos traduzi-lo assim:
"Vemos o botão / depois a flor que se dispersa / e então..." Dir-se-á, apologeticamente, que não há aqui generalização nem fuga ao presente, já que o foco é a reação subjetiva do poeta, no momento exato em que a brisa dispersa as pétalas da cerejeira.
Originalmente, o haiku correspondia ao destaque dos três primeiros versos do tanka (um formato mais antigo) de 31 sílabas (5-7-5-7-7), cadência que se ajusta com perfeição à língua japonesa. Aliás, tanto o haiku como o tanka podem ocorrer em série de poemas encadeados, dos quais o primeiro se diria um hokku, às vezes de diferentes autores: é o chamado renga.
Em 1488, Sogi e dois discípulos, Shokaku e Socho, escreveram uma dessas séries, que começa assim (na tradução inglesa de Donald Keene):
"Snow yet remainting / The mountain slopes are hazy / It is evening."
(Sogi) "The water distantly flows / By the plum-scented village".
continua na próxima postagem....
domingo, 2 de novembro de 2014
H A I C A I 02
continuação de haicai 01
A SINGELA POESIA
SINTÉTICA DO JAPÃO
A SINGELA POESIA
SINTÉTICA DO JAPÃO
Um exercício de contenção verbal, de densidade poética, o haicai (haikai, também conhecido como haikuou hokku), visa a um conhecimento momentâneo da realidade. Pode ser identificado por suas características de ordem externa, como a expressão sintética e a referência à natureza e à estação do ano. Sua essência é a percepção instantânea, em que as ideias, o sentido e a música das palavras cria uma intuição do mundo.
Por Sérgio Bath
Que é exatamente o haiku, que conhecemos como haicai? Os termos haiku, hokku e haikai denotam um gênero da poesia japonesa que foi adotado, muitas vezes canhestramente, por outras literatura, e se difundiu por todo o mundo, assumindo às vezes formas surpreendentes. Se pesquisar na Internet o leitor curioso se surpreenderá com o número de sites sobre o tema.
Mais estritamente, haikai é o gênero poético, haiku o poema pertencente a esse gênero e hokku o poema que abre uma série intercalada (ver adiante). Na prática, porém, mesmo no Japão os três termos são usados sem maior precisão.
Ilustramos, desde logo, com o mais famoso haicai, de Matsuo Bashô (1644-1694), paradigma da categoria:
fu-ru-ke-ya
ka-wa-zu-to-bi-ko-um
mi-zu-no-o-to
A tradução poderia ser: "O velho tanque/uma rã mergulha/ruído de água que se agita. "Ou ainda, conforme Haroldo de Campos, "o velho tanque/rã: saltomba/rumor de água".
Não poderia faltar também o meu haiku predileto, de Kobayashi Issa (1762-1826):
tsuyu no yo wa
tsuyu no yo nagara
surinagara,
O HAICAI DÁ ÊNFASE A EVENTO PRESENTE E PARTICULAR, EVITANDO O PASSADO E GENERALIZAÇÃO
que poderíamos traduzir assim: "este mundo de orvalho/ é só orvalho/ no entanto no entanto....."
O haicai clássico pode ser identificado, antes de tudo, por essas características externas: sua natureza sintética, mediante as referências tácitas que obriga o total de 17 "sílabas", dispostas em 3 versos, com 5, 7 e 5 "sílabas"; a menção à natureza, quase sempre a uma estação do ano; a ênfase dada a um evento presente e particular, evitando a generalização e o passado.
continua na próxima postagem.....
Texto extraído de Jornal da Tarde "Caderno de Sábado".....
Data: Sábado, 03 de outubro de 1998.
Jornal da Tarde pertencia ao: " O ESTADO DE SÃO PAULO"
Que é exatamente o haiku, que conhecemos como haicai? Os termos haiku, hokku e haikai denotam um gênero da poesia japonesa que foi adotado, muitas vezes canhestramente, por outras literatura, e se difundiu por todo o mundo, assumindo às vezes formas surpreendentes. Se pesquisar na Internet o leitor curioso se surpreenderá com o número de sites sobre o tema.
Mais estritamente, haikai é o gênero poético, haiku o poema pertencente a esse gênero e hokku o poema que abre uma série intercalada (ver adiante). Na prática, porém, mesmo no Japão os três termos são usados sem maior precisão.
Ilustramos, desde logo, com o mais famoso haicai, de Matsuo Bashô (1644-1694), paradigma da categoria:
fu-ru-ke-ya
ka-wa-zu-to-bi-ko-um
mi-zu-no-o-to
A tradução poderia ser: "O velho tanque/uma rã mergulha/ruído de água que se agita. "Ou ainda, conforme Haroldo de Campos, "o velho tanque/rã: saltomba/rumor de água".
Não poderia faltar também o meu haiku predileto, de Kobayashi Issa (1762-1826):
tsuyu no yo wa
tsuyu no yo nagara
surinagara,
O HAICAI DÁ ÊNFASE A EVENTO PRESENTE E PARTICULAR, EVITANDO O PASSADO E GENERALIZAÇÃO
que poderíamos traduzir assim: "este mundo de orvalho/ é só orvalho/ no entanto no entanto....."
O haicai clássico pode ser identificado, antes de tudo, por essas características externas: sua natureza sintética, mediante as referências tácitas que obriga o total de 17 "sílabas", dispostas em 3 versos, com 5, 7 e 5 "sílabas"; a menção à natureza, quase sempre a uma estação do ano; a ênfase dada a um evento presente e particular, evitando a generalização e o passado.
continua na próxima postagem.....
Texto extraído de Jornal da Tarde "Caderno de Sábado".....
Data: Sábado, 03 de outubro de 1998.
Jornal da Tarde pertencia ao: " O ESTADO DE SÃO PAULO"
HAICAI 01
Uma folha morta.
Um galho no céu grisalho.
Fecho minha porta.
Um gosto de amora
Comida com sol. A vida
Chamava-se "Agora"
Esvoaçava a libélula.
Esponja verdade. Uma concha.
O lago é uma pérola.
................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................
......O poder sugestivo do haicai, decorrente do seu caráter incompleto - ele é muitas vezes uma mera insinuação que se completa e potencializa no espírito de quem ouve e lê - tem atraído muitos poetas ocidentais, desde os chamados "imagistas"....
Extraído do CADERNO DE SÁBADO
Jornal da Tarde de: Sábado, 03 de outubro de 1998.
Jornal da Tarde pertencia ao " O ESTADO DE SÃO PAULO "
continua na próxima postagem.....
sábado, 1 de novembro de 2014
Eleições 2014
NO DIA 26 DE OUTUBRO DE
2014
ESCOLHEMOS
O NOSSO PRESIDENTE DA REPÚBLICA
QUE FICARÁ NO GOVERNO
NOS PRÓXIMOS 04 ANOS......
O POVO FEZ A SUA ESCOLHA:
-OPTOU CONTINUIDADE-
FOI REELEITA:
-DILMA ROUSSEFF-
PROVAVELMENTE
NO EMBATE POLÍTICO
ENTRE CANDIDATOS
DEVE TER FICADO
ALGUMAS CICATRIZES
-ACREDITO-
ESPEREMOS QUE
AS FARPAS TROCADAS
AO LONGO DA DISPUTA
ELEITORAL
NÃO TRAGAM
INCONSEQUÊNCIAS
À NAÇÃO.......
VAMOS AGUARDAR......
yosinoli
outubro/2014
OBSERVAÇÃO: Esperamos de todos os políticos eleitos e reeleitos: seriedade e honestidade em seus mandatos.....
Assinar:
Postagens (Atom)